segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O que é "Lua de Sangue"?

A Superlua, sozinha, é um fenômeno frequente. Ocorre, pelo menos, uma vez ao ano, quando o satélite atinge o perigeu (ponto de sua órbita com maior proximidade da Terra). Já a combinação desse momento com um eclipse total, como o de amanhã, é bem mais rara. Essa feliz coincidência aconteceu apenas cinco vezes, sendo que a mais recente foi em 1982. Esse grande intervalo de tempo é justificado pela quantidade de posições que a Lua assume em relação à Terra.

“Ela se mantém em movimento, e sua órbita é inclinada, resultando assim no perigeu e no apogeu, que é a posição mais distante. Existem apenas algumas datas nas quais a Lua, a Terra e o Sol ficam perfilados. Se considerarmos que a Lua, a cada dia, está em um ponto diferente, girando entre diversas posições, isso faz com que sincronizar esse perigeu com o eclipse total seja mais difícil, um evento com poucas chances de acontecer”, explica Paulo Sobreiras, professor do Planetário da Universidade Federal de Goiás (UFG) e membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB).

Durante o eclipse, a Superlua começa a escurecer e adquire uma cor avermelhada, o que lhe rende o nome também de Lua de Sangue. Isso acontece porque a Terra não consegue impedir a passagem de toda a luminosidade do Sol. “A luz solar, quando ilumina tudo em volta da Terra, atravessa a atmosfera e faz com que surja uma luz semelhante à do pôr do sol. Se isso não acontecesse, a Lua ficaria cinza ou quase preta”, explica Sobreiras.

Para os cientistas, o fenômeno é mais que um espetáculo visual. O episódio serve para diferentes análises. A tonalidade assumida pelo satélite, por exemplo, ajuda a analisar os níveis de poluição. “Os astrônomos monitoram essas cores alaranjadas porque estudos demonstram que, quanto mais vermelha a Lua, mais poluída está a atmosfera, problema causado principalmente pela poeira de grandes vulcões”, diz o professor.

Por causa dessa particularidade e de eventos recentes, o especialista acredita que o eclipse total de amanhã promete cores bastante intensas. “É de se esperar que esta Lua de domingo esteja bem vermelha, devido às últimas erupções no Chile e no México. A poluição causada pelos humanos também acaba interferindo, mas é a poeira criada pelos vulcões que pesam mais nessa conta”, completa Sobreiras.

Observação
Para quem quer apenas se deslumbrar com a Lua de Sangue, as previsões são ótimas. Ela poderá ser observada mesmo sem o uso de aparelhos, como telescópios, e praticamente de qualquer parte do mundo. O Brasil está entre os países privilegiados de onde será possível enxergar o espetáculo completo, que durará mais de três horas. “Há lugares em que vai ser possível assistir somente ao começo, mas as regiões que fazem divisa com o Atlântico têm uma posição mais privilegiada e podem acompanhar o fenômeno passo a passo”, assegura o professor da UFG.

“Outra vantagem é que o eclipse lunar pode ser observado sem nenhum risco à saúde. O solar é agressivo e pode danificar a retina”, lembra. “Outra curiosidade é que, em 2017, teremos outro fenômeno raro, um eclipse solar que vai atravessar os Estados Unidos. Quem estiver no percurso dele poderá ver um eclipse total, com o Sol todo coberto, uma imagem muito bonita”, acrescenta.

Na cidade, quem quiser acompanhar a Superlua de maneira mais detalhada pode contar com a ajuda do Clube de Astronomia de Brasília, que vai realizar um evento de observação na Praça dos Três Poderes a partir das 19h. Astrônomos participarão e poderão tirar dúvidas do público, que poderão olhar o eclipse pelos binóculos e telescópios do clube. “Esse é um fenômeno que não precisamos de aparelhos avançados para observar, mas, para ver mais detalhes, é bacana acompanhar com esses recursos. E uma vantagem da seca é que podemos realizar esse tipo de evento sem nos preocupar com a chuva”, afirma Augusto Ornellas, vice-presidente da entidade,

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